
Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos
e nas tuas antigas palavras.
O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos,
que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.
Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto,
e modelou tua voz entre as algas.
Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege
e estudo apenas o ar e as águas.
Coitado de quem pôs sua esperança nas praias fora do mundo...
Os ares fogem, viram-se as águas, mesmo as pedras com o tempo mudam.
CECÍLIA MEIRELES