19 de julho de 2009

Valsa


Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos
e nas tuas antigas palavras.

O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos,
que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.

Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto,
e modelou tua voz entre as algas.

Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege
e estudo apenas o ar e as águas.

Coitado de quem pôs sua esperança nas praias fora do mundo...

Os ares fogem, viram-se as águas, mesmo as pedras com o tempo mudam.

 

CECÍLIA MEIRELES